quinta-feira, 4 de março de 2010

Uma Lição Ambiental da Ilha de Páscoa.


Deixe-me contar uma triste história que será uma lição importante para nós.
A Ilha de Páscoa (Rapa Nui) é um local pequeno e isolado no imenso Pacifico Sul. Os polinésios utilizaram canoas para colonizar essa ilha há cerca de 2.900 anos. Levaram para lá porcos, galinhas, cães, ratos clandestinos, raízes de taro, inhame, bananas e cana-de-açúcar.
Os colonizadores encontraram uma ilha paradisíaca cujo solo fértil mantinha florestas densas, com grande diversidade e grama viçosa. Os polinésios desenvolveram uma civilização baseada em duas espécies de árvores existentes na ilha, as palmeiras gigantes e a tílha glabra (chamada hauhau). Eles utilizavam as palmeiras gigantes como abrigo, para criar ferramentas e para fazer canoas destinadas à pesca de peixes, como a toninha. Eles derrubavam as árvores hauhau e as queimavam para cozinhar e pala mantê-los aquecidos durante o inverno. Além disso, da fibra dessas árvores faziam cordas. As florestas forma derrubadas para que em seu lugar fossem feitas plantações.
A vida era boa na Ilha de Páscoa. Os habitantes do local tinham muitos filhos; em 1400 a população atingiu um numero entre 6000 e 20000 habitantes. Então, os residentes passaram a utilizar os recursos das árvores e do solo mais rápido do que poderiam ser renovados. Conforme esses recursos tornavam-se insuficientes para manter a população em crescimento, os lideres de diferentes clãs começaram a invocar seus deuses esculpindo pelo menos 300 imagens divinas em pedras. Lês orientavam as pessoas a cortar as maiores árvores para formar plataformas gigantescas para as esculturas nas pedras. Colocavam troncos embaixo para fazer rolas as plataformas e as estátuas ou faziam que 50 a 500 pessoas utilizassem cordas grossas para arrastar as plataformas e as estatuas pelos trilhos de madeira a vários locais na costa da ilha.
Ao fazer isso, eles esgotaram as preciosas árvores mais rapidamente do que podiam ser regeneradas – um exemplo de tragédia da população. Por volta de 1600, restavam poucas árvores. Sem as imensas árvores, os habitantes da ilha não podiam mais construir as tradicionais canoas para navegar em alto mais e caçar toninhas, nem pescar outros peixes nas profundas águas do oceano. Além disso, ninguém podia escapar da ilha em barcos.
Sem aquelas que um dia foram grandes florestas, que absorviam lentamente e liberavam água, as fontes e os córregos secaram, os solos expostos sofreram erosão, a produção das colheitas colapsou e veio a fome. Não havia lenha para cozinhar ou mantê-los aquecidos. Os habitantes famintos comeram todas as aves da ilha. Depois, começaram a criar e se alimentar de ratos, os descendentes dos caroneiros das primeiras canoas a chegar à Ilha de Páscoa.
Tanto a população quanto a civilização entraram em colapso quando os clãs rivais começaram a lutar pelos suprimentos alimentícios cada vez mais limitados. Conseqüentemente, os habitantes passaram a caçar e comer uns aos outros.
Exploradores holandeses chegaram à Ilha no dia da Páscoa, em 1922, talvez 1000 anos depois dos primeiros polinésios. Eles acharam cerca de 2000 polinésios famintos vivendo em cavernas em campos com poucos arbustos.
Assim como Páscoa em seu auge, a Terra é uma ilha isolada na vastidão do espaço, e não há nenhum outro planeta adequado para onde migrar. Da mesma forma que na ilha do Pacífico, nossa população e o consumo de recursos estão crescendo exponencialmente, porém nossos recursos são finitos.
Será que os humanos na Terra reviverão em maior escala a tragédia ocorrida na Ilha de Páscoa ou será que aprenderemos a viver de modo mais sustentável neste planeta que é nosso único lar? O conhecimento científico sobre como a Terra funciona e mantém a si própria é o ponto principal para aprender a viver de modo mais sustentável, esse é o assunto que será discutido neste capítulo.

Texto retirado de: Miller, G. T. Ciência Ambiental. São Paulo, 11ª Ed. Thomsom Learning, 2007.


Postado por: Juliana Laís Armstrong Lopes.

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