terça-feira, 23 de março de 2010

Ilha de Pascoa


Resumo da apresentaçao do dia 22 de Março de 2010
ILHA DE PÁSCOA (EASTER ISLAND)
Introdução
Neste trabalho, falaremos um pouco sobre a Ilha de Páscoa, também conhecida como Rapa Nui. Abordaremos os principais pontos deste assunto, como sua localização, formação geológica, o misticismo que envolve a história da ilha, a organização social dos primeiros habitantes, os impactos ambientais causados por esse tipo de organização, a readaptação da população após tais impactos e também faremos um link com outras sociedades que tiveram o mesmo destino do que Páscoa, como os maias, que, também envolvem certo mistério em torno de sua existência.

Localização
A Ilha de Páscoa é o pedaço de terra habitado mais isolado do mundo. Partindo da ilha, quase nada pode ser visto num raio de aproximadamente 4000 km! Ela é como um pequeno ponto no meio do Oceano Pacífico. Está localizada a 27° 09' de latitude Sul e 109° 27' de longitude Oeste. As terras mais próximas são a costa do Chile, que fica a 3700 km a leste e as Ilhas Pitcairn, na Polinésia, a 2000 km a oeste. Esta localização da a Ilha de Páscoa um clima ameno.
Hang Roa é a capital da Ilha, que é uma província chilena. Segundo o senso de 2002, em lá vivem 3304 habitantes, o que corresponde a 87% da população de toda a ilha. Esta é a única cidade da ilha, e nela localiza-se o Aeroporto Internacional de Mataveri.

Colonização
Existem provas de que os insulares de Páscoa eram típicos polinésios vindos da Ásia, e não da América do Sul, como a língua falada pelos habitantes quando a ilha foi descoberta em 1774, que era um dialeto muito próximo ao conhecido como mangarevano. Anzóis, arpões, limas de coral e outros instrumentos eram tipicamente polinésios. Quando o DNA de 12 esqueletos humanos enterrados nas plataformas de pedra de Páscoa foi analisado, todas as amostras provaram ser de origem polinésia, pois algumas características não se apresentam em nativos americanos.
Por volta de 1200 d.C., durante um dramático surto de exploração marítima, os polinésios atingiram cada pedaço de terra habitável no oceano, que tem seus ângulos no Havaí, na Nova Zelândia e em Páscoa.
Os historiadores acreditavam que todas as ilhas polinésias haviam sido povoadas por acaso, como resultado de canoas desgarradas repletas de pescadores, contudo, a maior parte da Polinésia foi povoada de leste para oeste, direção oposta a dos ventos e correntes que prevalecem no Pacífico. As transferências de plantas e animais deixa claro que a ocupação foi planejada pelos colonizadores, que se preocupavam em trazer de suas terras de origem produtos considerados essenciais para a sobrevivência da nova colônia.
Os pontos de partida mais prováveis para a colonização de Páscoa devem ter sido Mangareva, Pitcairn e Henderson, que ficam a meio caminho entre as Marquesas e Páscoa. Em 1999, uma canoa a vela polinésia reconstruída, conseguiu atingir Páscoa vindo de Mangareva após 17 dias de viagem. Apesar de a ilha ter apenas 14 quilômetros de diâmetro, os polinésios conseguiam identificar uma ilha muito antes desta tornar-se visível, a partir da observação de bandos de aves marinhas que se afastavam em um raio de até 160 quilômetros da terra para se alimentarem.
Os próprios pascoenses tem uma lenda que diz que o líder da expedição que povoou a ilha foi um chefe chamado Hotu Matu’a, que navegava em uma ou duas grandes canoas.
O arqueólogo Roger Green sugere que as populações de muitas outras ilhas polinésias mantiveram contato entre si através de viagens regulares de ida e volta entre as ilhas após a sua descoberta e colonização inicial baseando-se em semelhanças entre alguns estilos de ferramentas de Páscoa e Mangareva de uma época séculos após a colonização de Páscoa. Alguns instrumentos de pedra cuja composição química é característica de uma ilha foram descobertos em outras ilhas, mas nenhuma pedra de origem pascoense foi encontrada em outra ilha ou vice-versa. Assim, os habitantes de Páscoa podem ter ficado completamente isolados do resto do mundo durante os 1000 anos que separam a chegada de Hotu Matu’a da chegada de Roggeveen.
A literatura publicada sobre Páscoa frequentemente menciona possíveis provas de colonização entre 300-400 d.C., porém, os especialistas questionam cada vez mais tais datas tão remotas. As datações mais precisas situam a colonização por volta de 900 d.C. decorrentes datações radiocarbônicas.
As estimativas populacionais da ilha variam de 6 mil a 30 mil, o que dá uma média de 35 a 176 pessoas a cada quilômetro quadrado.
A primeira estimativa confiável feita na ilha, 2 mil pessoas, foi feita por missionários em 1864, logo depois de algumas epidemias de varíola, o seqüestro de cerca de 1500 insulares por navios de escravos peruanos em 1862 e 1863 e um colapso populacional iniciado no século XVII. Portanto, é impossível que a população pós-varíola de 1864, de 2 mil pessoas, represente o resíduo de uma população pré-varíola, pré-sequestro, pré-outras-epidemias, pré-colapso-populacional de apenas 6 a 8 mil pessoas.

Geologia
Rano Raraku é uma cratera vulcânica circular que possui cerca de 550 metros de diâmetro, possuindo uma planície do lado externo na costa da ilha onde na borda da cratera existe um lago pantanoso. Páscoa é uma ilha vulcânica, seu território tem a forma triangular. Sua origem consiste em três vulcões que emergiram do mar um junto ao outro, em tempos diferentes, e têm estado adormecidos ao longo da história de ocupação da ilha. O mais antigo deles é o Poike, que entrou em erupção há cerca de 600 mil anos, formando o canto sul do triângulo. A subseqüente erupção deu origem ao Rano Kau, o segundo a emergir, formando o canto sudoeste da ilha. Por último, a erupção do Terevaka, localizado no canto norte do triângulo e que sua lava liberada cobre hoje 95% da ilha. Ocupa uma área de 170 km2 e sua elevação é de 510 metros. A sua topografia é suave, sem vales profundos, exceto suas crateras e encostas íngremes e cones de escória vulcânica. Seu clima, embora quente para os padrões europeus e norte-americanos, é frio para os padrões da maioria das ilhas da Polinésia. Tanto que plantas importantes, como o coco (introduzido em tempos modernos), não se desenvolvem bem na ilha, e a fruta-pão (também recentemente introduzida), sendo Páscoa um lugar ventoso, cai do pé antes do tempo. Além disso, o oceano ao redor é demasiado frio e não permite a formação de recifes de coral, tornando a ilha deficiente tanto para peixes e moluscos associados aos atóis de coral, como para peixes em geral (de todas as espécies de peixe existentes, Páscoa possui apenas 127). Todos esses fatores resultam em menos fontes de alimento. Além do que, a chuva – cuja precipitação média anual é de 1.300 mm, aparentemente abundante, infiltra-se rapidamente no solo vulcânico e poroso da ilha. Há, portanto, limitação de água potável. Somente com muito esforço os insulares obtêm água suficiente para beber, cozinhar e cultivar.


Organização da comunidade
A sociedade de Páscoa era dividida entre chefes e plebeus, configurando uma acirrada divisão de classes sociais. Os membros da elite viviam em casas chamadas Hare Paengas, em forma de canoas longa e estreitas viradas de cabeça para baixo, geralmente com doze metros de comprimento, feitas com três camadas de palha e piso em pedras basálticas. Os plebeus construíam suas modestas moradias no interior da ilha, junto aos galinheiros, hortas e valas de lixo. Sobreviviam da plantação de bananas, taro ou inhame, cana-de-açúcar, amora e da criação de galinhas. Os ensopados de carne de ave, focas, tartarugas marinhas e grandes lagartos abrilhantavam os banquetes dos insulares. Todos os alimentos eram cozidos em fogueiras, cuja lenha advinha das grandes árvores, hoje extintas. Estes polinésios eram mestres na arte da navegação e da tecnologia de fabricar canoas à vela.

Doze clãs formavam a população de Páscoa e competiam para superarem-se na construção das estátuas e plataformas, tomando a forma de uma luta feroz. Contudo, os territórios eram integrados a um chefe supremo, por meio da religião, da política e da economia. Assim, curiosamente, a integração social se dava pela necessidade do uso dos recursos naturais divididos ao longo dos doze territórios. Outro exemplo da integração entre os clãs rivais eram as estátuas de pedra que para serem transportadas, precisavam percorrer quase todos os clãs, o que forçava os insulares a se unirem para manter a sua sobrevivência.

Ainda nos dias de hoje, podem ser encontrados cerca de 300 Moais, grandes estátuas de pedra, em Páscoa. Essas estátuas estão voltadas para dentro dos clãs e não para a costa o que representa o poderio dos mesmos. Algumas dessas esculturas pesavam até dez toneladas, e chegaram a medir quatro metros de altura. Foram as estátuas a principal fonte de riqueza e poder, determinando a organização da sociedade pascoense. Estas construções e seu transporte exigiam um consumo muito elevado de recursos alimentares provocando um aumento significativo de sua produção. Para este processo eram necessárias cerca de 500 pessoas para o transporte de cada estátua, sendo que estas deveriam estar bem alimentadas, pois o esforço físico requerido nesta atividade era extremo, tal situação demandou maiores espaços para as plantações e a criação de animais se fez necessária, para que as atividades de construção e transporte acontecessem.

As práticas que culminavam na necessidade de consumo de alimentos acima do necessário perduraram por cerca de trezentos anos, acarretando grandes alterações ambientais. Alem do consumo exagerado, muitas cordas grossas feitas de casca fibrosa de árvores eram necessárias para o transporte das estátuas e para o levantamento das mesmas. Trenós foram construídos com o objetivo de movimentar pedras e as próprias estátuas por entre a ilha. Dessa forma, muitas toras de madeira foram extraídas para este processo de transporte.


Impactos ambientais e readaptação da população
Os impactos se deram pelo aceleramento e abuso da exploração contínua dos recursos naturais, sem a preocupação com sua renovação, o que pode ser considerado um ecocídio , a devastação das florestas decretou diversas mudanças , com a falta de madeira o transporte doas moais, construção de casas, construção de canoas com as quais buscavam parte de sua alimentação como os golfinhos, que por sua vez precisam de combustível para o preparo de alimentos, o que também aos poucos foi acabando.Sem a cobertura de florestas o solo poroso da ilha sofreu uma grande erosão, deixando a terra exposta ao sol,chuva e vento, resultando na baixa da produção de alimentos.Com todas essas mudanças,adaptações tiveram que ser feitas, como a opção por enterro e mumificação dos corpos ao invés da cremação, buscou-se preservar os poucos arbustos que restaram, e em reflexo da falta de alimentos praticou-se a antropofagia. Outro fator que ajudou a piorar a crise foi à chegada de estrangeiros, trazendo epidemias e levando pascoenses como escravos.

Link com outras sociedades
Muitas outras civilizações do passado também têm história semelhante ao da Ilha de Páscoa, onde deixaram de existir de forma trágica por terem destruído seu ambiente.
Embora poucos saibam disso, a maior construção humana das Américas até o final do século XIX era o maior dos pueblos de Chaco Canyon, em pleno deserto do Novo México, erguido por volta do ano 900 por um povo conhecido por anasazi. Era uma maciça construção de cinco andares, 650 habitações e mais de 201 metros de comprimento por 95 de largura. Podia alojar cerca de 3.000 pessoas e consumiu em sua construção mais de 200 mil magníficos troncos de árvore de cinco metros cada um. E esse era apenas um dos vários pueblos similares construídos pelos anasazi. Imagine o quanto deve ter sido surpreendente para os conquistadores espanhóis descobrir aquelas gigantescas construções em pleno deserto, abandonadas havia séculos. Não havia mais nenhum vestígio dos anasazi, exceto referências a eles na cultura dos índios navajos (“anasazi” em navajo quer dizer simplesmente “os antigos”).
Por que fazer construções monumentais como aquelas, no meio do deserto, a centenas de quilômetros de qualquer coisa, e depois abandoná-las intactas? E de onde teria vindo toda aquela madeira usada na construção dos pueblos? A resposta veio do trabalho dos paleobotânicos que estudaram a vegetação passada de Chaco Canyon. A madeira tinha vindo dali mesmo. Quando os pueblos foram construídos, eram cercados não por um deserto nu, mas por uma gloriosa floresta de árvores decíduas e de pinheiros. Os anasazi formaram por séculos uma grande e rica civilização, com várias dezenas de milhares de pessoas. Com a expansão dessa civilização, as florestas foram sendo gradualmente desmatadas para agricultura e a fim de fornecer lenha para combustível e madeira para construção. A história daí em diante é contada em conjunto pela arqueologia e pelos vestígios subfósseis de vegetação, datados por radiocarbono. Os estudos mostram como os anasazi tiveram de ir cada vez mais longe para buscar madeira, percorrendo distâncias de até 80 quilômetros. Mostra também como eles lutaram bravamente para salvar sua agricultura da erosão sempre crescente do solo exposto pela remoção da cobertura florestal, fazendo canais de irrigação. Foi uma longa agonia, mas era uma batalha perdida contra os efeitos da devastação que eles mesmos haviam provocado. Ao fim de uns trezentos anos, os pueblos estavam no meio de um deserto hostil criado por seus próprios habitantes, que tiveram de abandoná-los. Ninguém sabe o que aconteceu com os anasazi depois disso.
Mas todos esses problemas ambientais não estão distantes de nós. Vamos nos preocupar com a nossa mata Atlântica, afinal de contas não queremos ficar sem água.
Registros da nossa história revelam que o sistema de abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro entrou em colapso já no início do século 19, de acordo com o livro "Floresta da Tijuca", publicado em 1966, pelo Centro de Conservação da Natureza, do qual também foram extraídas as informações descritas a seguir. Em 1817 e 1818 o governo baixou severas leis punitivas contra os desmatamentos dos morros para proteger os mananciais, pois naquela época já sabiam que essa era a solução para o problema, já que havia sido tentado de tudo: mudado os pontos de captação nos rios, ampliado os aquedutos etc. No entanto, as leis não eram cumpridas e as plantações de café avançavam os morros na região de mananciais, sendo a floresta da Tijuca a principal delas, que não chegou a ser totalmente destruída. Num relatório do ministro da Pasta de Negócios do Império, em 1850, é mencionado o seguinte: "Pequenos trechos dessas terras permanecem cobertos de mata primitiva, ao passo que a maioria das florestas protetoras dos demais mananciais da Tijuca já havia desaparecido, pondo em risco constante o abastecimento". Com a seca que assolou o Rio de Janeiro em 1844, o problema da falta de água agravou-se e, então, o governo decidiu tomar medidas mais concretas para proteger os mananciais. Neste ano, no relatório do ministro Almeida Torres, pedia-se, entre outras coisas, providências urgentes visando à conservação da mata Atlântica das Paineiras e da Tijuca, em toda a sua extensão das cabeceiras e vertentes dos rios Carioca e Maracanã. O ministro sugeria que se "proibisse eficazmente" a continuação dos desmatamentos. Houve, nesta época, reiteradas ordens expressas do Imperador para que a polícia imperial agisse com rigor contra os desmatamentos.
Entretanto, as ações mais significativas para proteger a mata Atlântica da Tijuca foram do ministro da Pasta do Império, Luis Pereira do Couto Ferraz, o Visconde de Bom Retiro, a partir do ano de 1854. Foi o Visconde de Bom Retiro que iniciou as desapropriações da área onde hoje temos a exuberante Floresta da Tijuca. Naquela época as desapropriações foram consideradas como a única maneira eficaz de se proteger os mananciais, já que as leis não pegavam.
Está registrado (em 1855) nos documentos deixados pelo ministro Bom Retiro: "A existência de tais propriedades particulares em tais paragens não só é uma ameaça constante à conservação das matas como prejudica grandemente a pureza das águas". Bom Retiro defendeu a floresta da Tijuca de forma apaixonada. Por ocasião de seu falecimento, o Imperador D. Pedro II disse as seguintes palavras: "Foi o homem de consciência mais pura que conheci em toda a minha vida". Obviamente, não está se defendendo aqui a desapropriações das áreas de mananciais. A intenção é apenas exemplificar que este tipo de preocupação não é nenhuma novidade surgida em nossos tempos. Contudo, não devemos repetir os erros dos habitantes da Ilha de Páscoa ou da civilização Anasazi.

Postado: Aline Mussilini

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